Eu até posso falar tudo que sinto com palavras, mas não vou, não. Não posso perder tempo tentando colocar palavras em uma coisa que só pode ser explicada com gestos. Sempre foi meio que com conversa de olhares, talvez.. Mas como? Você desapareceu, você foi sumindo da minha vida como uma foto velha. Eu posso até tentar dizer as que fizeram você chegar e ficar, mas não vou. Hoje não preciso tomar meu remedio, que é falar sobre você; não preciso me lembrar, nem disso, nem de nada.. Hoje não quero sentir a tal saudade. Fica tudo tão complicado quando tento explicar alguma coisa, pra alguém. E não explicarei, não mais. Eu sei que sinto saudade, isso deve bastar. Mas preciso dizer que sinto saudade de quando você falou comigo pela primeira vez, me olhando e sorrindo. Era tudo muito simples, sem precisar de explicações.. As coisas aconteciam, como tinha que acontecer, naturalmente.. Nunca precisamos de um porquê. Nós não precisávamos de palavras: até porque, não havia nada que seus olhos dissessem que os meus não entendessem. Acho que desaprendi a me explicar daí.. Séria melhor – e estranho, admito – se nada tivesse levado esse rumo. Nem você, nem esse sorriso, nem nossos gestos, nem o teu perfume – ah, teu perfume.. – que me acompanha desde o dia em que te vi e você falou que tinha que ser tão complicado! Essas coisas tem mania de ir e voltar nas minhas lembranças.. E pior, sabem que podiam ficar paradas, ou até mesmo, guardadas lá no fundo, pra quando eu te encontrar, não ficar com essa cara de bobo, ou o que quer que seja.
Afinal, pra que eu fui inventar de lembrar disso tudo? Meu Deus, que mania de amor que esse coração tem.
